domingo, 25 de dezembro de 2011

Harry Potter e a Pedra Filosofal

Por Tabata de Lima

Ano de 2001. Quem imaginaria que um livro escrito por uma mulher que jamais tivera uma obra publicada antes fizesse tanto sucesso? Pois foi isso o que aconteceu, contrariando todas as expectativas. Harry Potter se tornou um fenômeno e é claro que isso não passaria despercebido pelos grandes empresários da indústria cinematográfica. Três anos após o lançamento do primeiro livro, a Warner Brothers assumiu a responsabilidade de trazer essa história para as telonas. O principal desafio era atender aos fãs, sendo fiel ao livro porém sem se estender demais, Chris Columbus conseguiu dosar tudo isso e o resultado foi, na minha opinião, maravilhoso.
Selecionamos críticas de sites importantes e o trailler para relembrarmos de quando a magia estava apenas começando:


Harry Potter e a Pedra Filosofal
por Arthur Melo
Raras vezes no mercado editorial um conto alcançou tanto sucesso e destaque. Mais raras ainda foram as exceções em que tais líderes de vendas conseguiram se transportar para as telas do cinema mantendo o mesmo padrão de consumo entre o público e o teor qualitativo da produção. Se restringirmos mais este grupo aos que escreveram seus títulos na lista dos mais bem sucedidos filmes da história e geraram uma onda que desencadeou em produções do mesmo gênero para estabelecer uma competição em que o vencedor sempre foi aquele que chegou primeiro, então só temos um objeto a ser citado: Harry Potter.
Nunca uma produção atraiu tantos olhares em tão pouco tempo, jamais um estúdio investiu tão pesado em marketing como foi o caso. O nome da série foi elevado às alturas num curto espaço cronológico e lá se sustenta até hoje. J.K. Rowling definitivamente escreveu os maiores best-sellers de todos os tempos e carregá-los para as telonas foi um trabalho árduo antes, durante e depois de sua montagem. Primeiro porque, segundo a autora, o seu real intuito nunca foi ganhar cifras descontroladamente; até porque a mesma não esperava por isso. E segundo pela ânsia e o medo de ter sua obra desvirtuada num roteiro que, como em grande parte dos acontecimentos, destrói por completo a autenticidade de uma história, tornando-a uma máquina de emissão de notas. O único homem capaz de contornar o problema foi o astuto produtor David Heyman. Sua lábia e habilidade de persuasão convenceu Rowling de que sua obra tinha grande potencial em qualquer parte do mundo e que, para popularizá-la, nada melhor do que a forma de arte mais acessível (em tese) ao grande público. Claro, com a promessa de em hipótese alguma tentar burlar a trama inicial ou reescrever partes do enredo.
Surgia o maior fenômeno já visto em todo o campo do entretenimento. Contratos milionários afirmavam aquilo que seria inevitável de qualquer forma: o sucesso imediato de uma marca em ascensão. Grupos como AOL Time Warner (o maior conglomerado de todo o planeta na época) e Coca-Cola entraram em acordo para beneficiar a produção de algo que perduraria por anos. Tudo feito com extremo cuidado, velocidade e perfeição.
Em 2000 foi anunciado oficialmente o primeiro filme adaptado de uma série de livros de fantasia que iria desembocar numa revolução do mercado que ia além das salas de cinema. De álbuns de figurinhas a jogos eletrônicos, roupas e brinquedos; um bruxo ilustrava embalagens dos mais diversos produtos em todo o planeta.
No mesmo ano, após uma corrida que colocou no gride de largada diretores de primeira estirpe como Steven Spielberg, Rob Reiner, Terry Gilliam e Jonathan Demme, um nome foi anunciado: o do americano Cris Columbus. Responsável anteriormente por sucessos de público como Uma Babá Quase Perfeita e Esqueceram de Mim, a divulgação gerou dúvidas e receios nos que esperavam uma grande produção cinematográfica e naqueles que ansiavam por cofres inflando por segundo de projeção. Não se pode dizer que estavam de todo modo errados. Pelo menos não o primeiro grupo. Aliás, dinheiro e bilheteria foram matérias-prima para quebras de recordes até hoje insuperados.
Mesclando o estilo infantil com qualidade técnica de grandes longas para o público mais severo clinicamente, Harry Potter e a Pedra Filosofal foi o pontapé inicial para o cinema rever os conceitos do que é adequado ou não num filme de fantasia.
Baseado num investimento de 120 milhões de dólares, o primeiro filme da franquia mais lucrativa já criada apresenta nomes de peso no elenco, direção de arte invejável, figurinos exemplares, trilha sonora brilhante, roteiro e texto estudados de perto por sua criadora e um diretor pouco astuto.
Se houve uma cautela jamais vista para a criação de um mundo físico, o mesmo não pode-se falar sobre a psique dos personagens. Principalmente o protagonista; erros que partem do script sem sal até o descuido da direção. O reais sentimentos de Harry na introdução da história – a tristeza e a raiva contidas – não são consultados, delineados. Em nenhum momento o enfoque demonstrou o porquê de Harry ser tão passivo às humilhações de seus tios e nem analisou suas conseqüências em aborrecimentos e curiosidades do cotidiano do personagem; como o cabelo que crescia misteriosamente logo após ser cortado, contribuindo para uma identidade do personagem que, mais tarde, chegou até a ser citada sem ter sido exposta. Em muitos momentos o filme aposta no conhecimento externo que o espectador possui ao extrair do livro e esquece que a coerência deve ser criada dentro de si por completo; alienando-se do que foi citado nas páginas de “Pedra Filosofal”.
Apesar de pouco influente à trama, a interatividade com os personagens externos ao contexto central – a busca pelo conhecimento do assassino de seus pais e a captura da pedra filosofal – foi parcialmente anulado. Uma das poucas convivências mantidas no enredo do longa é a amizade entre Harry e Hagrid, e a impessoalidade com Dumbledore que, corretamente, foi mantido até o momento oportuno.
É claro que para um trabalho voltado ao público infantil não é necessário tanto rigor e manutenção de altos critérios, mas a qualidade técnica nem sempre torna o filme agradável. É bem verdade que há boas seqüências, como a inteligentíssima partida de Quadribol (capaz de fazer a platéia acreditar na existência daquilo e adquirir respeito pela equipe que a gerou) e a singela, porém interessante, primeira aula de vôo; assim como a já citada trilha sonora de John Williams, que tem uma capacidade surreal de fixar o tema central na mente a ponto de reconhecê-la em qualquer reprodução. Entretanto, nada detinha o poder de omitir o quão grandioso A Pedra Filosofal poderia ter sido.
Se Columbus garantiu seu espaço para a primeira continuação de Harry Potter, isso denuncia sua preocupação com o bem estar da série. O que é totalmente elogiável e profissional de sua parte. Evidentemente isso em nenhum lugar do mundo significa preparo e qualidade artística provada e incontestável, mas ilustra que na maior parte do seu trabalho ele acertou – o que é um mérito próprio. Afinal, tanto o elenco como a produção técnica montada em conjunto por Heyman e Columbus atende às necessidades da obra e as supera. Mas comandar uma seleção é muito mais fácil que uma produção em larga escala. Melhoras para o próximo.


Trailler de Harry Potter e a Pedra Filosofal

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